As Universidades Populares do Quarto Mundo
As Universidades Populares do Quarto Mundo, criadas em 1972, são espaços de diálogo e de formação recíproca, entre pessoas que vivem numa situação de precariedade e pessoas que, embora não estando nessa situação, querem aprender a lutar contra a miséria com aqueles que nela vivem.
Em que consiste uma Universidade Popular do Quarto Mundo?
Uma Universidade Popular é um lugar onde aqueles que têm condições de vida muito difíceis se sentem felizes por se reunirem num ambiente de dignidade e de respeito.
« Ninguém nos obriga a vir à Universidade Popular. Eu é que tenho sempre vontade de vir. »
«A Universidade Popular dá-me alegria e reconforto porque nos sentimos todos solidários e nos sentimos menos sós.»
«Aqui, nós podemos falar e escutar os outros. Isso é muito bom. Todos sorriem uns aos outros. Sentimo-nos bem todos juntos.»
«É muito bom porque arranjamos amigos.»
«A Universidade Popular é um tempo de união. É um prazer partilhado que vivemos juntos, é como se déssemos a mão uns aos outros e isso é importante neste mundo em que vivemos.»
«Faz-me um bem enorme poder ouvir o modo como cada um arranja coragem para atravessar situações difíceis. Certos exemplos ajudam-me a sentir-me melhor.»
A Universidade Popular é um espaço universitário onde se pensa e onde se fala.
As pessoas aprendem a construir livremente o seu próprio pensamento, a descobrir as suas próprias palavras, a exprimir-se de modo a serem ouvidas e compreendidas por todos.
«Os temas são interessantes, dizem-nos respeito. Isso obriga-me a refletir e a avançar.»
«A gente sente que nos levam a sério. Atrevemo-nos a dizer o que pensamos.»
«Aprendemos coisas que não sabíamos.»
«A Universidade Popular é muito útil porque aprendo coisas que servirão aos meus filhos, e coisas que ajudam nas questões de alojamento. Falo de tudo isso com outras pessoas.»
A Universidade Popular é um lugar de formação para os que querem militar por uma causa.
Ela dá vontade e força a cada um para ir ao encontro dos que estão isolados, para que os direitos de todos sejam respeitados. A Universidade Popular suscita o compromisso de todos os participantes no dia-a-dia, para que eles se oponham a que haja gente posta de lado por causa da pobreza em que vive.
«A Universidade Popular ajuda-nos a auxiliar os amigos que têm uma vida difícil com aquilo que lá aprendemos.»
«Desde que entrei para a Universidade Popular, sinto-me mais forte para enfrentar os problemas; antes, ficava metido no meu canto. Agora, tenho menos vergonha, sou mais atrevido. Sinto-me mais corajoso diante das pessoas importantes.»
«Foi graças aos conhecimentos partilhados na Universidade Popular que eu consegui modificar a maneira de ver dos meus colegas professores quando eles faziam julgamentos sobre os outros; e foi lá que consegui que os projetos das famílias em relação aos filhos fossem reconhecidos para que elas fossem mais bem consideradas.»
A Universidade Popular é um lugar onde todos os cidadãos podem dialogar.
Está aberta a todos os cidadãos solidários que desejem formar-se para lutar contra a miséria e a exclusão, a partir da experiência daqueles que têm uma vida muito dura.
«Não há cerimónias nem etiquetas entre nós, não há ricos nem pobres.»
«Graças à Universidade Popular reaprendi a ter paciência. Ouvir os outros deu-me abertura de espírito.»
«A maneira como vemos as pessoas que vivem na pobreza modifica-se completamente.»
«Ligamo-nos muito às famílias pobres. É bom podermos aprender a ouvir os outros, é uma coisa que me ajuda na minha profissão.»
A quem se destina a Universidade Popular?
A qualquer pessoa que viva de modo precário a nível de trabalho, alojamento, recursos, educação dos filhos, saúde… Mas também a qualquer pessoa que não tenha nenhum desses problemas mas que queira aprender a lutar contra a miséria juntamente com os que nela vivem. Só se exige que a pessoa se inscreva durante um ano inteiro e que ela integre um grupo de preparação.
Há Universidades Populares na Suíça, no Quebeque, em Espanha, na Bélgica e em França.
Há também outras modalidades de encontros do mesmo tipo na Holanda e na Ilha da Reunião (Jornadas familiares), na Guatemala (Encontros em família) e no Peru (Uyarinakusunchis).
Para aprofundar o assunto poderá ler “Et vous que pensez vous” aux Editions Quart Monde.