A justiça e o amor enfim reconciliados

Qual o sentido da vida se, ao nosso lado, há quem morra
perante a indiferença de todos ?

Qual o sentido da vida se há crianças que nunca sonham e que
dizem:

“Eu por mim não sonho, não adianta, bem sei que os sonhos não se realizam nunca” ?

Qual o sentido da vida quando há jovens que são afastados dos
programas sociais e educativos porque fazem medo, porque
todos acham que ‘dali nada poderá nada vir de bom’, nem
deles, nem de suas famílias ?

Qual o sentido da vida quando os que lutam pela justiça falam
em nome dos pobres sem nunca os terem encontrado?

E qual era o sentido da vida de Joseph Wresinski que, tendo
nascido na miséria, nos reuniu, quando cresceu, no dia 17 de
OUTUBRO há precisamente 30 anos ?

Quando ele testemunhou por “aqueles milhões de crianças, de
mulheres e de pais que morreram de fome e de miséria”, por
“aqueles pobres de todos os tempos e de hoje, fugindo de um lado para outro, desprezados e rejeitados”, ele forçou-nos e força-nos ainda a agir para que este mundo seja um mundo mais humano.

Como o Padre Joseph, mulheres, homens, jovens e crianças, no mundo inteiro – como nós o fazemos hoje – disseram ‘não’ à culpabilização dos desprezados, à fatalidade da miséria e ao desperdício da inteligência dos mais pobres.

Como o Padre Joseph, eles ousam ir ao encontro daqueles que não pertencem ao seu próprio mundo, que não frequentam as mesmas escolas, que não foram educados do mesmo modo. Encontros realizados com o coração, com as mãos, com as inteligências.

Encontros que pareciam impossíveis. Entre os que morrem por se sentirem inúteis e os que estão sempre com trabalho demais. Entre os mais humildes e os grandes deste mundo.

Todos juntos, nesses encontros inesperados, eles descobrem a segurança de se sentirem fazendo parte da mesma humanidade, capazes de mudanças improváveis, portadores de esperança para um mundo liberto da miséria.

Semeando e suscitando a esperança de outros encontros. E é assim que eles respondem ao apelo do Padre Joseph Wresinski, feito naquela tarde em que se reuniram numerosos defensores dos direitos humanos, no dia 17 de outubro de 1987. E é assim que eles nos chamam a todos para que hoje também respondamos:

“E vós, sereis vós também precursores nesse novo caminho em que a justiça vencerá a ganância e a exploração, em quea paz vencerá a guerra, em que a justiça e o amor se reconciliarão enfim?”

Continuemos pois ousando sempre outros encontros, no dia 17 de outubro e em todos os dias de cada ano.

Isabelle Pypaert Perrin, Delegada Geral
do Movimento Internacional ATD Quarto Mundo
(texto tirado da mensagem de 17 de outubro de 2017)

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